A sensibilidade dentária atinge muita gente. E, aí, comer algo mais quente, gelado ou doce vira um tormento: dói mesmo. A boa notícia é que tem solução

Picolé na praia? Nem pensar. O cafezinho depois do almoço também é dispensado. E não adianta oferecer um brigadeiro na sobremesa. Falando assim parece alguma dieta restritiva, mas na verdade são medidas protetoras contra a hipersensibilidade dentinária – popularmente conhecida como sensibilidade dentária ou dentes sensíveis. Quem tem o problema tende a evitar alimentos com uma destas características: gelado, quente ou doce.

Pudera. Basta dar um gole ou uma garfada neles para sentir, do nada, uma pontada aguda e de curta duração. “É como um calafrio que começa no dente e se espalha. A impressão é que chega até a alma”, descreve o jornalista Ricardo Gonçalves, que tem 27 anos e descobriu a disfunção há três.

Quando foi ao dentista, ele entendeu que nem toda dor é sinal de cárie. Na verdade, a sensibilidade está longe de ter algo a ver com bactérias – e aflige muito mais pessoas do que os temidos bichinhos. Segundo pesquisa, a condição seria o principal distúrbio de saúde bucal dos brasileiros – entre mil homens e mulheres entrevistados, 32% relataram conviver com os choquinhos no dente. “Dependendo da faixa etária e renda, a prevalência pode ser bem maior, chegando até a 70%”, conta o dentista.

Embora possamos ter mais indivíduos com dentes sensíveis do que com cárie no Brasil, é o último assunto que atrai holofotes. Na visão do profissional, que estuda a hipersensibilidade há 12 anos e coordena o único centro de pesquisa da América Latina registrado para investigar o fenômeno, é fácil explicar a contradição. “A maioria das ações públicas de prevenção em saúde bucal está ligada a doenças bacterianas, como a cárie. Nossos líderes ainda não entenderam que há mais pessoas sofrendo com sensibilidade e, por isso, precisamos agir”, opina. Não é para ignorar a cárie, claro, mas, sim, ampliar o foco.

A origem do problema

Mas, se não tem micro-organismo na jogada, então de onde vem a sensibilidade? Bem, ela nada mais é do que um sinal de falha no sistema de proteção dentária. Devido à erosão do esmalte ou retração da gengiva, ocorre a exposição da parte interna da estrutura – a dentina e seus túbulos dentinários. “Esses túbulos são canais cheios de líquido que possuem terminações nervosas. Qualquer estímulo que mude sua pressão, como o alimento doce, ou a temperatura, a exemplo dos itens quentes e frios, incentiva a movimentação do fluido, levando à dor”, explica a dentista.

 

Fonte: Abril Saúde

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