Há quem acredite que escovar os dentes é uma tarefa extremamente simples. Entretanto, quando falamos sobre escovar os dentes de crianças com deficiência, a coisa pode mudar um pouco de figura.

Ao analisamos a fundo a vivência das pessoas, pouquíssimos conhecem as técnicas adequadas, ou sabem como comprar uma escova ou creme dental por exemplo.

Além disso, quando somos responsáveis por alguma pessoa com deficiência, temos uma complexidade ainda maior de todo este cenário, pois muitas vezes as condições psicomotoras dificultam todo o processo, e qualquer questionamento sobre técnica ou tipo de escova parece secundário, pois a principal queixa da família ou responsável é: não consigo escovar os dentes do meu filho com deficiência, o que eu faço?

Não são raras as vezes em que o momento da escovação é descrito para mim como uma ‘tortura’ envolvendo choro, medo e movimentos involuntários entre outros.

De fato, frequentemente o responsável se encontra sem esperança e extremamente esgotado e desmotivado, pois soma-se a isso inúmeras outras atividades e obrigações diárias de um cuidador. Mas a melhor noticia é que tudo isso tem solução. Assim como em qualquer atividade envolvendo alguém com deficiência, não há regra ou ‘receita de bolo’, mas há solução.

Dicas para escovar os dentes de crianças com deficiência

Talvez a principal chave do sucesso seja a adaptação. Adaptação da família, dos cuidadores e do profissional. Cada um exigirá uma técnica diferente e que deve ser respeitada e testada até atingirmos o processo ideal. Pessoas com paralisia cerebral podem precisar de abridores de boca, por exemplo; com autismo exigirão alguns dias de demonstração e explicação lúdica com desenhos; já as pessoas com limitações motoras podem precisar de modificações da escova.

E inúmeros outros modelos poderiam ser citados, justamente por que não existe padrão, e sim adaptação.
Para isso, é primordial o acompanhamento de um profissional. Não me canso de falar o quão importante é uma rede de apoio para a família da pessoa com deficiência. E o cirurgião dentista pode desempenhar um papel de divisor de águas tanto no tratamento curativo quanto na prevenção, atuando fortemente para facilitar esse processo de higienização em casa.

A saúde bucal de pessoas com deficiência

Vale ressaltar que as pessoas com deficiência possuem níveis mais precários de saúde bucal. E assim, com a higienização diária ineficiente criamos um ciclo de piora constante do quadro.

Devemos lembrar ainda da importância de se manter toda a cavidade bucal saudável para a promoção e manutenção da qualidade de vida, já que está intimamente ligada a bons índices de saúde geral, além da sensação de bem estar e desenvolvimento da fala, mastigação e respiração.
Dessa maneira, não se pode exigir que a família domine todas as técnicas de cuidado nem que seja uma grande conhecedora de todos os temas. Muito pelo contrário, durante todo o processo de auxilio, o papel do cirurgião dentista é de esclarecer, apoiar e incentivar. Respeitando a individualidade e as limitações de cada pessoa, é possível tornar o cuidado algo mais tranquilo, efetivo e apropriado. Nossa luta diária pela inclusão social exige a garantia pelo direito de sorrir de maneira saudável e leve, direito este de toda a família.

 

Fonte: Portal Acesse

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